quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Adeus, 2010

Bom dia, 2010
vim aqui numa tentativa desespera de me despedir de ti. para começar, quero começar pelos agradecimentos. agradeço os momentos que me proporcionaste, em especial o 27 de Fevereiro, entre outras, quero-te agradecer pelas pessoas que metes-te no meu caminho para permanecerem do meu lado hoje e sempre, quero-te agradecer por todas as palavras de conforto este ano, pelos ombros amigos, pelas aventuras, pelo melhor verão, por me abrires os olhos, por me mostrares que estava certa quanto a certos assuntos que bem cá no fundo sempre soube, quero-te agradecer, parece que foi ontem que começas-te,  prometi que ia ser diferente mas com o passar do tempo parece que não tinha feito nada de relevante, sentia-me fazia no fim do dia não sabia porque, exigia mais. mas é mentira. a sério, olhem bem para o vosso dia, no fim parece que não foi nada, mas façam uma inspecção, tiveram provavelmente praticamente todo o santo dia rodeados pelos amigos, familiares isso é o maior conforto, é a coisa mais relevante que fazer se pode. agradeço-te pelo mais insignificante momento até aquele de pura alegria, adernalina e sentimento. Obrigado. mas também quero escrever ao meu passado, aquele que consumiu e dilacerou mais um ano, mais um ano... não foi propriamente o que esperava, mas foi o que sucedeu.  
Agarrei-me a ti o mais que pude numa tentativa desesperada de colocar reticências na minha vida em vez de um grande ponto final.
Reli todas as frases dessa história fascinante que insistias em manter inigualável. Decorei os traços das letras que continham o peso dos momentos menos bons, a lucidez de cada sorriso, até mesmo os parágrafos que descreviam longos passeios de mãos dadas. Relembrei todas as velhas memórias que me sussurravas todas as noites ao ouvido. Chorei quando me gritaste, de forma estridente, que nunca conseguiria libertar-me de ti. Desesperei quando insinuaste que não seria capaz de voltar a amar, senti-me desamparada sempre que me obrigaste a elevar as minhas defesas ao máximo, evitando assim, em todos os momentos, uma possível aproximação de quem quer que fosse. Cedi muitas das vezes aos teus caprichos e mantive-me isolada, silenciada, sofrida, chorosa, perdida.
Por ti, quase desisti dos meus sonhos e os meus passos tornaram-se lentos, e os pés, pesados, já pouco levantavam do chão, quase me fizeste acreditar que não conseguia dar os meus próprios passos sem estar presa ao falso equilíbrio que me transmitias através das linhas grossas da apatia.
Por ti, dispensei a companhia das pessoas que durante uma vida inteira me mostraram como sorrir de forma completa e sincera.
Enganaste-me!! Fizeste-me acreditar que caminhar de mãos dadas contigo seria sinónimo de cicatrização de todas as feridas que a ausência dele deixou na minha alma, fizeste-me acreditar que adormecer com as tuas histórias de embalar poderiam livrar-me das insónias, quando no fundo, afastavam apenas e cada vez mais, de mim a serenidade de que eu tanto precisava para diminuir um pouco a intensidade da minha dor.
Agarraste-me pelo braço, apertaste-o e fizeste-me caminhar descalça, por cima de brasas quase intermináveis… as dores eram insuportáveis …eu chorei, implorei, mas ainda assim não me largaste, e apesar das inúmeras tentativas, não permitiste que eu me libertasse das tuas garras transparentes com a pouca força que me restava, já não tenho noção do tempo, ou de quantas vezes o fizeste, mas, recordo-me que nesses momentos, agarrada à pouca lucidez que ainda havia em mim, pedia incessantemente à esperança que voltasse a habitar o meu coração, que me salvasse daquela tortura insuportável e ela, nos escassos momentos em que me deixavas esquecida na imensa escuridão daquele calabouço, apareceu, sob a forma de um abraço apertadinho, de mãos suaves que acariciavam o meu rosto cansado… e ficava ali comigo, com visitas cada vez mais demoradas. Até que houve um dia em que ela não precisou de ir embora, porque tu não regressaste. Porque eu não permiti que tu regressasses.
Provocaste, em mim, uma dor superior á dor da minha perda, sim eu sei, culpa minha. Confiei cegamente em ti. Seduziste-me com esse teu charme fácil, de quem tem a magia de permitir que outros continuem o resto das suas vidas a reviver determinados momentos uma e outra e outra e outra vez. Pois bem, revivi o quanto baste, durante o tempo mais do que suficiente para guardar, apenas as coisas que me fizeram crescer em muitos aspectos.
Ensinaste-me a maior lição da minha vida, mas não vou agradecer-te, porque essa foi adquirida apenas ás minhas custas e só eu sei o quanto doeu sabe-la de cor e salteado, da forma como agora sei.
Quero que saibas que assim que sair por aquela porta, vou respirar fundo, vou fechar os olhos e voltar a encher os pulmões de ar, talvez, quem sabe, para levar a todas as esquinas do meu interior um pouco da paz de espírito que sei que vou sentir.
Saio hoje daqui com uma única certeza: Nunca mais vivo em tua função, nunca mais vivo em função do passado. Nem sequer uma espreitadela inocente, nada! Todas as lições que me deste estão agora guardadas num cantinho da minha alma e é lá que regresso sempre que precisar, porque a ti, ou a esta tua casa traiçoeira NUNCA MAIS! Mesmo!
P.S.: Deixo todas as minhas velhas memórias aqui, não quero mais o peso dessas bagagens de areia a atrasar os meus passos. Saio apenas com a leveza, o sorriso e a serenidade de quem sente novamente o seu coração bater em corpo alheio,  são tantos os sonhos que me esperam, tenho pressa de viver e vou correr sem olhar para trás!É uma nova página deste livro sem fim, um novo capítulo.
Adeus.
2011 te espero.
Ana Tiago
 

Sem comentários:

Enviar um comentário